Assim que deixou as bonecas de lado, percebeu que casar não estava em seus planos. Era o que, pelo menos acreditava, pois como já sabemos, ela se casou.
Mas enfim, o labirinto que se formou desde sua infância era complexo e cheio de truques: desde cedo, sabia-se atraída pela sexualidade, achava que fugir em um cavalo branco seria a saída perfeita para qualquer donzela, mas não se sentia tão donzela assim. Como poderia? Ela que, no filme Secretária do Futuro, detestou ver todo o potencial de uma loira estonteante cair por água abaixo com suas trapalhadas bobalhonas, típicas do estereótipo das mulheres sensuais, mas que vibrou com a ousadia e com a igual sensualidade da Julia Roberts em Uma linda mulher. Tudo isso em seus plenos 10 aninhos em flor idade.
Seu corpo era ainda algo amorfo e desengonçado, mas já com as linhas da beleza que logo despontariam em sensualidade, e ela sentia isso nos poros. Fazia graça para homens na rua, lançava olhares maliciosos sem nem ao menos saber aonde eles poderiam dar, pois costumava andar na cola de meninas mais velhas e achava que se agisse igual, seria, também, descolada e desejada.
Imagina só que imagem mais repugnante e doce deveria se formar na cabeça das carolas do bairro e das vampiras que a fitavam?
Uma vez, roubou o beijo de um menino que ela achava gatinho, era um garoto que conheceu na quermesse do bairro vizinho. Ele era alto, de ombros largos, braços, levemente, peludos (aquilo a enlouquecia) e cabelos compridos. Começou assim, ele mandou um bilhete elegante. Ela, junto com suas "amigas grandes", deu uma piscadinha, se ajeitou e caminhou em câmera lenta até o alvo, pegou a mão do garoto, percorreu seus dedos sobre o braço e aproximou o corpo dele. Ambos estavam com o coração aos pulos! E após uma deliciosa troca de olhares, tacou-lhe um beijo estalado. Seu 1º beijo, o que, definitivamente, registrava um marco!
O final do legado dos casamentos frágeis que acreditava herdar de sua correta família.
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